quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Santa-cruzense pretende criar cemitério de animais

NOVIDADE — Dois bairros municipais foram sugeridos para instalação; prefeitura recebeu a documentação, que está sendo analisada pela Vigilância Sanitária
India Ni e Amauri Cunha: idéia de cemitério para animais é nova e depende de aprovação legal
Os cemitérios deixaram de ser espaços de descanso apenas dos humanos. Quem também pode ganhar espaço semelhante são os animais. A idéia inovadora de se criar um local dessa natureza para os irracionais ganha força em Santa Cruz do Rio Pardo, cuja administração já analisa áreas para futura instalação de um deles. O bairro da Graminha e a Chácara Peixe estão entre os terrenos sugeridos.
A proposta ganhou força com a formalização do pedido para construção do cemitério na última semana. De acordo com a idealizadora do cemitério, India Ni Cunha da Silva, a área seria usada para o “enterro” de vários tipos de animais e aves, como papagaios, tartarugas, chinchilas, além dos conhecidos animais de estimação, como cães e gatos. Ela defende a idéia de construir um local adequado para os animais. “Seria um local apropriado para os animais se decomporem”, explicou.
India Ni obteve o apoio do tio na tentativa de implantar um cemitério em Santa Cruz, devido a seu fanatismo e gosto em trabalhar com os animais. “Sou fanática por animais e meu tio sugeriu isso”, explica. Profissional de banho e tosa, Silva vê os animais como uma extensão da família, por estarem presentes em todos os momentos da vida diária familiar.
Amauri Beneti Cunha, tio de India Ni, disse que a sugestão existe há um certo tempo e se baseia em conversas com amigos e clientes. “Ao falar sobre a proximidade dos animais junto à família, surgiu uma discussão sobre a necessidade de um local para os animais que morrem”, disse. Cunha explicou que a Chácara Peixe seria a região da cidade mais indicada para receber o cemitério, mas que essa decisão depende do poder público.
Atualmente, os animais que morrem na cidade não contam com um setor adequado onde possam ser enterrados. Então, muitos moradores, por não saber a quem recorrer, acabam deixando-os em locais inadequados. “A maioria das pessoas joga os animais em terreno baldio. Você passa na ponte e vê animais boiando no rio. Muitos jogam até na rua”, observa. Segundo Silva, a prefeitura da cidade não tem condições de manter um cemitério gratuito, já que o número de animais é elevado.
Ciente desta realidade, a profissional de banho e tosa procurou, juntamente com o tio, a viabilização da idéia na administração municipal. Os documentos necessários foram entregues e eles estão aguardado o posicionamento da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) sobre o caso.
Em pesquisa feita pela internet, Silva descobriu que não existe na região nenhuma instalação dessa natureza. O cemitério de animais mais próximo está em Botucatu. Itapevi também conta com um deles. India Ni conta que passou um dia em Botucatu para conhecer o funcionamento da estrutura e disse que se assemelha muito a um cemitério humano tradicional. “Nós verificamos o funcionamento e agora tentaremos trazer a idéia para cá”, destaca.
Ela explicou que, assim como um velório humano, ocorre um “velorinho” para os familiares. Porém, o enterro não é feito com caixão, mas com uma caixa forrada com plástico fino, (TNT), para facilitar, posteriormente, a retirada de ossos. Outra preocupação do projeto é com o acesso ao serviço, cuja proposta é colocá-lo ao alcance de todos. “Nós vamos pesquisar como a pessoa pode pagar. A nossa idéia é abrir o cemitério também para aqueles que não têm condições, pois não pode ser apenas para a classe alta. Afinal, muitas pessoas carentes também gostam dos animais”, analisa. O protocolo de solicitação da criação de um cemitério na cidade foi entregue à prefeitura municipal, que estudará a proposta.
Sobre a visão da população a respeito da iniciativa, India Ni explica que já sentiu reconhecimento. “Muita gente acha estranho esse tratamento aos animais, mas hoje a situação está mudando. Essa preocupação vem aumentando”, destaca. “A maior parte do pessoal está nos apoiando”, conclui Amauri.
Andamento — Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo, por meio de fax enviado ao DEBATE, o pedido inicial que solicita a doação de terreno para a implantação do projeto foi protocolado e está em processo de avaliação pelo setor de Vigilância Sanitária. O órgão ainda vai solicitar à idealizadora do cemitério animal um projeto formal para que o mesmo seja devidamente estudado.
A reportagem entrou em contato com a Cetesb, para conhecer as exigências feitas para a instalação de uma obra dessa natureza. Nenhuma resposta acerca do procedimento foi obtida até o fechamento da edição.

Fonte: uol.com.br

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